Em meio a areia, a água do mar, as escorregadias pedras e aos fogos ao longe, cai vagamente ciente de mim. Em meio ao caos, me distanciei de mim. Quem eu era? Será que algumas dessas inúmeras pessoas que conheci poderia me dizer?
Se 2016 merecesse um título para uma película seria “2016- conflitos externos e internos”, até o último minuto do conflituoso ano senti um pesar, uma sentimento misto de ” E agora? Choro ou saio correndo?” que não queria se apartar. Eu correria para o mar, para areia, para dentro da floresta, mas o que queria mesmo era correr dos conflitos que o tal ano me deixara de presente. É claro que a culpa não é de um mero ano, na verdade, a ninguém posso culpar. Apenas, como um ser humano no mundo moderno temos livre acesso a quem quisermos e vice-versa, não há um anti-vírus que nos alerte do perigo iminente. Não só nossas redes, mas nossas emoções estão a livre acesso e é aí que está o causador dos nossos problemas. Uma vez li que cada pessoas que conhecemos muda um pouco -mesmo que não notemos- nossa visão de como encaramos o mundo e a nós mesmos, positivamente ou negativamente. Diante das pessoas com seus momentos em nossa vida aos poucos vamos percebemos se estamos nos distanciando ou não do que nos é preciso, e aí começamos a nos enxergar com o olhar do outro, porém o outro não me conheces como eu me conhecia. Assim, a madrugada parou-me para com atenção ouvir o silêncio, para que eu não me perca no barulho do caos dos que me rodeiam. Senti-me.
Prazer novamente, eu.
Entre tantos vídeos, imagens e posts, me deparei com esse vídeo dessa linda moça poetisa que me tocou de uma certa maneira para com meu pensamento acima. Em um dos trechos do vídeo, ela diz:
“Um vazio no vazio, vagamente ciente de si, não haver resposta nem segredo” (Manuel António Pina)
“Neste mundo onde, hoje, tudo faz barulho, a toda hora, o silêncio é a maior benção possível. Hoje em dia, eu acho que o silêncio muitas vezes tem que ser escolhido, porque se a gente deixar são dias e dias e dias e horas sem ele, ele não vem nem de noite. E nem digo só nas cidades, digo, na cabeça da gente. Tanta informação. Mas, sem silêncio não há trabalho, não há aquele momento em que você para pra olhar de verdade. As pessoas têm medo do silêncio. Eu própria posso ter medo do silêncio, como tem gente que tem medo, às vezes, de olhar no espelho. O espelho é o maior dos silêncios, sou eu e eu. E agora?!” (Matilde Matilho)
Isadora Tonceda.